Vida De Cinema
Cacá DieguesCacá Diegues se viu paralisado e sem ar. Tinha de 5 para 6 anos e havia
entrado pela primeira vez no cinema, em sua Maceió natal. Descobriu ali
um mundo em tudo diferente do seu, povoado de gente “bonita e elegante”.
Esse encontro entre o menino e a tela provocou um encantamento que dura
até hoje e que fez surgir um cineasta em permanente mutação, que vive
intensamente sua época. Ao longo de sua rica trajetória, o diretor de
Chuvas de verão, Bye Bye Brasil e Deus é brasileiro mostra-se um
cineasta que não se deixa aprisionar pela censura, por modismos,
ideologias, convenções. A obra do integrante do grupo que criou o Cinema
Novo, marco fundador de uma nova maneira de filmar e pensar o Brasil,
dialoga com seu tempo – ora explicando-o, ora confrontando-o -, numa
busca pela síntese entre reflexão e espetáculo, informação e
comunicação, pensamento e beleza.Em suas memórias, escritas ao longo de
sete anos, o autor, com honestidade radical e impressionante lucidez,
revisita os tempos de militância estudantil, revela os bastidores da
produção de seus filmes e relembra algumas das polêmicas em que se
envolveu. Da infância em Alagoas, passando pelos altos e baixos dos
casamentos com Nara Leão e Renata de Almeida Magalhães, ao triunfo no
Festival de Cannes, Vida de cinema narra mais do que a história da vida e
obra de um dos principais cineastas brasileiros. É um relato dos
últimos cinquenta anos do país pela voz de Cacá, panorama de uma época
marcada pela modernização na década de 1950, a efervescência cultural
dos 1960, os anos de chumbo, a luta contra o autoritarismo e a
redemocratização.